segunda-feira, 22 de dezembro de 2014



A Lava-Jato e a Nação

O país precisa apurar e punir os responsáveis pela corrupção contra a Petrobrás. Sem limpar toda a sujeira não se pode virar a página. É o primeiro passo. E os próximos?

À sociedade cabe ficar atenta aos desdobramentos econômicos. Se as principais empreiteiras brasileiras forem proibidas de realizar obras, há estrangeiras de olho. Lá nos países desenvolvidos, as empreiteiras deles carecem de oportunidades de investimento, reflexo de economias em marcha lenta. No Brasil, ao contrário, há muitas oportunidades, só o Pré-Sal e as concessões de infra-estrutura devem movimentar R$ 1 trilhão nos próximos anos. 

As velhas potências têm poderosos meios de pressão e contam com a mídia e segmentos nos chamados órgãos de controle. A corrupção também corre solta nos países desenvolvidos, por exemplo, a Halliburton, empresa de reconstrução nos países invadidos pelos EUA, é alvo de denúncias envolvendo o alto escalão de Washington. São bilhões de dólares que podem cooptar centros de poder locais.
Até a metade do século XX, as rodovias, ferrovias e hidroelétricas eram feitas por empresas inglesas e outras de fora. Foram Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek que estimularam a constituição de empreiteiras nacionais, que tocassem as obras de infra-estrutura. Fizeram prodígios como Brasília, Itaipu, Ponte Rio-Niterói e obras modernas, como Belo Monte.

Já a Petrobrás, criada por Getúlio para manter o petróleo em mãos brasileiras é a que mais domina tecnologia de águas profundas. O Contrato de Partilha assegura o pré-Sal sob controle nacional e é alvo das estrangeiras que querem a volta da concessão.

Essas empresas, privadas e pública, tornaram-se patrimônio da Nação e não podem ser descartadas. Têm capacidade de engenharia que não fica a dever a nenhuma outra no mundo. Bem usadas, podem servir ao crescimento do país. 

É essencial coibir a corrupção nessas empresas. Ao mesmo tempo, o país não pode retroceder a um estágio neo-colonial. A soberania da Nação está em risco. Sem empresas fortes, privadas e públicas, o país é presa fácil num mundo competitivo, em que reina a superpotência norte-americana. Defender o Brasil é o primeiro passo na complexa tarefa de garantir o desenvolvimento num mundo interligado, altamente disputado econômica e tecnologicamente.